Amigos,
antes de
falar sobre o primeiro dia de treino gostaria de falar sobre minha pessoa, meu
histórico no esporte, motivações que levaram a me propor esse desafio , etc. ,
pois dessa maneira vocês poderão comprovar minha tese que não é necessário ter
um passado repleto de atividades esportivas ou ser uma pessoa totalmente
regrada e “geração saúde” para conseguir correr longas distancias, mas que
basta abrir “a porta” e uma vontade genuína e natural de correr fará todo o
serviço.
Afinal, como dizem os cientistas,
o ser humano nasceu para correr! Essa é uma qualidade que todos possuímos,
basta lembrar nosso corpo dessa habilidade e vencer a preguiça!
Claro que algumas pessoas, no
decorrer de suas vidas não tiveram nenhum incentivo, nem conviveram em ambientes/pessoas
com um estilo de vida ativo no que se refere à prática de esportes, na verdade a
grande maioria não recebeu incentivo algum e esses fatores de fato influenciam substancialmente
na decisão de correr, porém, posso dizer com propriedade que o desejo de correr
independe do externo e está mais relacionado ao nosso “eu interior”.
Bom, sou filho de dois médicos,
não fumantes e maratonistas. Meus pais sempre nos incentivaram a praticar
esportes, na verdade, desde que me conheço por gente, minha vida esteve rodeada
de incentivos nesse sentido, por exemplo, aos quatro anos eu já fazia natação,
aos 11 anos eu já estava fazendo graduação para faixa roxa de karatê e também
frequentei aulas de baquete e futebol antes de completar 13 anos.
Quando penso na minha infância em
São Paulo, me recordo de frequentemente acompanha-los em seus treinos de
corrida com minha bicicleta, de ficar posicionado estrategicamente segurando
uma laranja para eles pegarem durante as maratonas do Rio, dos diversos réveillons
que passamos juntos quando a São Silvestre era noturna, enfim, minha infância e
adolescência em SP foram repletas de momentos esportivos!
Quando nos mudamos para Minas
esses incentivos aumentaram ainda mais!
Sem nenhum exagero, eu tinha todos
os apetrechos de praticamente todos os esportes que existem, desde raquete de tênis,
luvas de boxe, skate, bolas (futebol, vôlei, handball, basquete, etc.) até
patins com taco, bola e capacete para hóquei de rua, tênis de corrida e
equipamentos de mergulho.
Em minas, entre meus 13 e 16 anos,
eu nadava regularmente e até fazia parte da seleção de natação do colégio. Era realmente
praticante de esportes, porém eu nunca perseverei em nenhum deles, ou melhor,
nenhum esporte até então havia me conquistado de fato. Eu simplesmente não
sentia “tesão” em praticá-los, apesar de praticar constantemente.
Vale a pena salientar que nenhum
grande feito foi obtido nessa época! Eu era apenas uma criança saudável e
mediana em todos os esportes que praticava, mas nunca me destaquei em nenhum deles!
Esportista nato? Não! Aos
dezessete foi quando iniciou uma longa era de sedentarismo e “destruição” do
corpo.
Talvez pela idade, talvez porque minhas prioridades
de vida mudaram, mas quando fui me aproximando da faculdade eu abandonei totalmente
os esportes e dos 17 aos 30 anos eu posso dizer que foi uma época de pleno
sedentarismo.
Comecei a beber, sair, fumar e para não entrar nos
detalhes “sórdidos”, vou definir que foram 13 anos muito bem vividos, porém,
cada ano deve ter me custado três anos de vida saudável. Realmente chegou ao
ponto de eu não ter condicionamento nem para entrar no mar sem me sentir
ofegante e cansado.
Posso até citar um episódio da faculdade onde
participei dos jogos disputados entre as republicas, uma espécie de olimpíadas,
onde a modalidade mais saudável foi a “Maratoma”, percurso de 3 km onde os
integrantes de cada equipe deveriam fazer o trajeto. Lembro perfeitamente que
eu quase perdi para 2 obesos e quando cheguei demorei 1 hora para recuperar o
folego.
Portanto, vocês já podem ter uma noção como estava
meu condicionamento físico aos 30 anos. Em uma palavra, inexistente!
Ou seja, quando voltei a praticar esportes, mais
especificamente a corrida, eu poderia ser facilmente comparado a uma pessoa que
jamais havia praticado esportes ou a um obeso iniciante na corrida.
No meu caso existiu sim um acontecimento específico,
um marco cujo qual eu atribuo os méritos dessa mudança repentina de
comportamento, que foi o meu divórcio.
A separação foi litigiosa, muito intensa e conturbada,
o que me afetou drasticamente psicologicamente e fisicamente. Confesso que perdi
o rumo, no entanto, lembro com exatidão, o momento que essa confusão mental
apertou o gatilho e disparou uma vontade enorme, inusitada e desconhecida de
correr. Lembro que sem mais nem porque eu simplesmente vesti um short, calcei
um tênis e sai de casa para correr!
Essa vontade súbita de correr florou do nada e inconscientemente,
mas enquanto corria, apesar do despreparo físico da época, eu senti uma
sensação única de bem estar. Minha mente durante aqueles minutos estava longe,
distante dos problemas que me atormentavam, era como seu eu através da corrida
conseguisse imunizar minha alma, me senti tão bem que corri sem nem perceber 1
hora e meia sem parar.
Foi quando conscientemente, exausto e feliz
raciocinei e conclui que até aquele momento eu nunca havia sentido prazer ao me
exercitar, tão pouco havia observado os reais e imediatos benefícios que a
corrida proporciona. Foi um sentimento tão puro e íntimo que não consigo transcrevê-lo.
Como em um passe de mágica, tudo que durante minha
vida inteira eu ouvia meus pais dizerem sobre o bem estar gerado pela corrida
começou a fazer sentido!
Percebi que se eu somasse todas as horas de
exercício físico que pratiquei até aquele dia, a metade teve gosto de trabalho
forçado. Entendi que existe algo muito universal nessa sensação, no modo como o
ato de correr combina com dois de nossos impulsos primais: sentir medo e sentir
prazer. Corremos quando estamos assustados, quando estamos em êxtase, quando
queremos fugir dos problemas e para curtir momentos de felicidade. E, corremos
ainda mais quando as coisas pioram.
Talvez uma grande coincidência, mas pode ser que
exista na mente humana algo como uma reação instintiva que ativa nossa primeira
e maior arma de sobrevivência sempre que nos sentimos ameaçados: CORRER!
No meu caso, me livrando do stress e dos problemas
a corrida era a solução para um bem estar instantâneo. Entendi que bastava
deixar esse impulso se manifestar e me preparar para correr que a vida parecia
melhor.
É com esse objetivo que iniciei essa jornada!
Para concluir esse post e começar a falar dos treinos, segue abaixo
minha definição sobre eu mesmo:
Gustavo
Junqueira, 32
anos, já correu de tudo. Do cachorro, da mãe, da polícia,
dos colegas, dos problemas, da “Louca” e de bandido. Recentemente aprendeu a
correr melhor, vieram os primeiros 5km, os 10km, as meias maratonas e agora os
primeiros 100KM.
Se eu posso, você também
pode!
Vamos juntos nessa árdua e
deliciosa aventura!
Paz & Bem!
"A força
não provém da capacidade física, e sim de uma vontade indomável.” - Mahatma Gandhi
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