terça-feira, 25 de junho de 2013

História para boi dormir! Porque eu corro?

Amigos, 
antes de falar sobre o primeiro dia de treino gostaria de falar sobre minha pessoa, meu histórico no esporte, motivações que levaram a me propor esse desafio , etc. , pois dessa maneira vocês poderão comprovar minha tese que não é necessário ter um passado repleto de atividades esportivas ou ser uma pessoa totalmente regrada e “geração saúde” para conseguir correr longas distancias, mas que basta abrir “a porta” e uma vontade genuína e natural de correr fará todo o serviço.

Afinal, como dizem os cientistas, o ser humano nasceu para correr! Essa é uma qualidade que todos possuímos, basta lembrar nosso corpo dessa habilidade e vencer a preguiça!
Claro que algumas pessoas, no decorrer de suas vidas não tiveram nenhum incentivo, nem conviveram em ambientes/pessoas com um estilo de vida ativo no que se refere à prática de esportes, na verdade a grande maioria não recebeu incentivo algum e esses fatores de fato influenciam substancialmente na decisão de correr, porém, posso dizer com propriedade que o desejo de correr independe do externo e está mais relacionado ao nosso “eu interior”.

Bom, sou filho de dois médicos, não fumantes e maratonistas. Meus pais sempre nos incentivaram a praticar esportes, na verdade, desde que me conheço por gente, minha vida esteve rodeada de incentivos nesse sentido, por exemplo, aos quatro anos eu já fazia natação, aos 11 anos eu já estava fazendo graduação para faixa roxa de karatê e também frequentei aulas de baquete e futebol antes de completar 13 anos.

Quando penso na minha infância em São Paulo, me recordo de frequentemente acompanha-los em seus treinos de corrida com minha bicicleta, de ficar posicionado estrategicamente segurando uma laranja para eles pegarem durante as maratonas do Rio, dos diversos réveillons que passamos juntos quando a São Silvestre era noturna, enfim, minha infância e adolescência em SP foram repletas de momentos esportivos!

Quando nos mudamos para Minas esses incentivos aumentaram ainda mais!
Sem nenhum exagero, eu tinha todos os apetrechos de praticamente todos os esportes que existem, desde raquete de tênis, luvas de boxe, skate, bolas (futebol, vôlei, handball, basquete, etc.) até patins com taco, bola e capacete para hóquei de rua, tênis de corrida e equipamentos de mergulho.
Em minas, entre meus 13 e 16 anos, eu nadava regularmente e até fazia parte da seleção de natação do colégio. Era realmente praticante de esportes, porém eu nunca perseverei em nenhum deles, ou melhor, nenhum esporte até então havia me conquistado de fato. Eu simplesmente não sentia “tesão” em praticá-los, apesar de praticar constantemente.
Vale a pena salientar que nenhum grande feito foi obtido nessa época! Eu era apenas uma criança saudável e mediana em todos os esportes que praticava, mas nunca me destaquei em nenhum deles!

Esportista nato? Não! Aos dezessete foi quando iniciou uma longa era de sedentarismo e “destruição” do corpo.

Talvez pela idade, talvez porque minhas prioridades de vida mudaram, mas quando fui me aproximando da faculdade eu abandonei totalmente os esportes e dos 17 aos 30 anos eu posso dizer que foi uma época de pleno sedentarismo.
Comecei a beber, sair, fumar e para não entrar nos detalhes “sórdidos”, vou definir que foram 13 anos muito bem vividos, porém, cada ano deve ter me custado três anos de vida saudável. Realmente chegou ao ponto de eu não ter condicionamento nem para entrar no mar sem me sentir ofegante e cansado.
Posso até citar um episódio da faculdade onde participei dos jogos disputados entre as republicas, uma espécie de olimpíadas, onde a modalidade mais saudável foi a “Maratoma”, percurso de 3 km onde os integrantes de cada equipe deveriam fazer o trajeto. Lembro perfeitamente que eu quase perdi para 2 obesos e quando cheguei demorei 1 hora para recuperar o folego.

Portanto, vocês já podem ter uma noção como estava meu condicionamento físico aos 30 anos. Em uma palavra, inexistente!

Ou seja, quando voltei a praticar esportes, mais especificamente a corrida, eu poderia ser facilmente comparado a uma pessoa que jamais havia praticado esportes ou a um obeso iniciante na corrida.
No meu caso existiu sim um acontecimento específico, um marco cujo qual eu atribuo os méritos dessa mudança repentina de comportamento, que foi o meu divórcio.

A separação foi litigiosa, muito intensa e conturbada, o que me afetou drasticamente psicologicamente e fisicamente. Confesso que perdi o rumo, no entanto, lembro com exatidão, o momento que essa confusão mental apertou o gatilho e disparou uma vontade enorme, inusitada e desconhecida de correr. Lembro que sem mais nem porque eu simplesmente vesti um short, calcei um tênis e sai de casa para correr!
Essa vontade súbita de correr florou do nada e inconscientemente, mas enquanto corria, apesar do despreparo físico da época, eu senti uma sensação única de bem estar. Minha mente durante aqueles minutos estava longe, distante dos problemas que me atormentavam, era como seu eu através da corrida conseguisse imunizar minha alma, me senti tão bem que corri sem nem perceber 1 hora e meia sem parar.

Foi quando conscientemente, exausto e feliz raciocinei e conclui que até aquele momento eu nunca havia sentido prazer ao me exercitar, tão pouco havia observado os reais e imediatos benefícios que a corrida proporciona. Foi um sentimento tão puro e íntimo que não consigo transcrevê-lo.
Como em um passe de mágica, tudo que durante minha vida inteira eu ouvia meus pais dizerem sobre o bem estar gerado pela corrida começou a fazer sentido!

Percebi que se eu somasse todas as horas de exercício físico que pratiquei até aquele dia, a metade teve gosto de trabalho forçado. Entendi que existe algo muito universal nessa sensação, no modo como o ato de correr combina com dois de nossos impulsos primais: sentir medo e sentir prazer. Corremos quando estamos assustados, quando estamos em êxtase, quando queremos fugir dos problemas e para curtir momentos de felicidade. E, corremos ainda mais quando as coisas pioram.

Talvez uma grande coincidência, mas pode ser que exista na mente humana algo como uma reação instintiva que ativa nossa primeira e maior arma de sobrevivência sempre que nos sentimos ameaçados: CORRER!
No meu caso, me livrando do stress e dos problemas a corrida era a solução para um bem estar instantâneo. Entendi que bastava deixar esse impulso se manifestar e me preparar para correr que a vida parecia melhor.
É com esse objetivo que iniciei essa jornada!

Para concluir esse post  e começar a falar dos treinos, segue abaixo minha definição sobre eu mesmo:
Gustavo Junqueira, 32 anos, já correu de tudo. Do cachorro, da mãe, da polícia, dos colegas, dos problemas, da “Louca” e de bandido. Recentemente aprendeu a correr melhor, vieram os primeiros 5km, os 10km, as meias maratonas e agora os primeiros 100KM.
Se eu posso, você também pode!
Vamos juntos nessa árdua e deliciosa aventura!
Paz & Bem!

"A força não provém da capacidade física, e sim de uma vontade indomável.” - Mahatma Gandhi

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